Seja bem vindo!!

Luthier no Rio de Janeiro. Atendimentos na Ilha do Governador.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Regulagens - Tópico 3 - Ação de cordas e Nut


 Vamos falar de Regulagens!! Por mais que seja uma coisa básica, tem muito mito, muito achismo, muito mal costume de quem faz e a verdade é que pouca gente entende os conceitos envolvidos numa boa regulagem.

 Minha intenção aqui não é passar um passo-a-passo de como fazer. Não que eu seja contra ensinar como se faz, eu acho que todo músico devia saber regular seu próprio instrumento. Mas, a partir do momento que eu me proponho a ensinar, eu sou responsável pelo que eu to ensinando, como eu não posso me responsabilizar por interpretações erradas do texto, o papo vai seguir outro caminho.


*Obs: COMPRIMENTO DE ESCALA diz respeito à distância total entre o nut e o saddle do instrumento. Sempre que você ler "Comprimento de escala", saiba que é disso que estou falando. Muita gente acha que comprimento de escala é o tamanho da madeira usada como escala(Fingerboard) do instrumento ou o número de trastes. Não é!


Tópico 3.1 - Ação de cordas 

 Ação de cordas é a altura de cordas. Mais especificamente, é a altura de cordas no final da escala.
 A regulagem do tensor, como falamos antes, obviamente influencia na ação de cordas. Mas nesse tópico vamos falar da ação de cordas na ponte.

 Vale a mesma ideia de vibração de cordas do tensor, uma ação baixa de cordas deixa menos espaço para as cordas vibrarem e pode matar o seu som mesmo que não esteja rolando nenhum trastejado.

 Em termos de o que a altura dos saddles, do rastilho ou da ponte vai influenciar mais. Eu gostaria de destacar principalmente os bends nas regiões agudas do braço. A ação de cordas é o único lugar que vc vai mexer para regular isso. Corda baixa demais vai fazer o bend engasgar e uma altura a mais das cordas vai favorecer sustain nos bends. É nesse ponto que cada guitarrista(pq bend é mais na guita mesmo) vai determinar qual a ação ideal pros seus bends e pra sua digitação.

 Novamente chegamos naquele ponto que uma coisa não ajuda a outra: Cordas baixas são boas pra digitação. Cordas altas são boas pra bends com volume e sustentação.

Medida de ação das cordas

 Escala com menor raio(Mais abauladas) precisam de cordas mais altas para sustentar os bends e escalas mais planas precisam de menos altura para sustentar os bends.

 Eu não anoto medidas de ação das cordas, procuro identificar e sentir onde o instrumento vai me levar primeiro e considerar a pegada do músico depois.

 Por isso, se você está querendo saber qual a ação de cordas ideal para a guitarra tal, com comprimento de escala tal e raio X", esqueça! Não existe resposta para essa pergunta. As condições do seu instrumento e a sua pegada vão definir o que é melhor.

Ângulo de corda no rastilho

É radicalmente importante, em violões, que a corda faça um bom ângulo atrás do rastilho.
Exemplo:









Cordas com pouco ângulo vão fazer pouca pressão no rastilho, gerando menos volume naturalmente. Em violões com captação de rastilho essa diferença vai ser gigantesca pois a diferença de pressão nas cordas vai ser muito grande.

Então tenham em mente que Rebaixar demais o rastilho de um violão não é bom para o som. E tenham e mente que a maioria dos violões do mercado são feitos com cavaletes muito altos, impedindo  uma ação de cordas baixa demais.

Isso não impede que seja feita uma boa regulagem no violão, mas é necessário que o músico entenda que conforto não é sinônimo de corda baixa. Deixe as suas mãos tocarem e não os olhos.

Tópico 3.2 - Ação do nut

 Sem muitas considerações. A mesma regra de ângulo do rastilho vale no nut, pouco ângulo gera pouco som. É por isso que usamos rebaixadores de cordas em headstocks que não são angulados.

 Um nut com slots muito baixos pode gerar trastejamento da corda solta.
 Um nut com slots altos demais vai gerar um problema de entonação e dar uma diferença de conforto nas primeiras casas do instrumento.

 Um slot largo demais para a corda pode amortecer o som dela, principalmente se tiver pouco ângulo da corda.



Próximo tópico aqui:
http://brunolobaoluthier.blogspot.com.br/2015/01/topico-4-visao-geral.html

Um comentário:

  1. Olá Bruno! Primeiramente, obrigado pelas informações acima!
    Cara, estou desesperado com uma situação e precisava de uma orientação.
    Tenho uma Tagima T635 e tive muitos problemas com cordas arrebentando em cima dos saddles. Mandei minha guitarra para o luthier várias vezes para que tentasse regulagens diferentes, mas nenhuma resolveu o problema. Depois de pesquisar bastante, resolvi trocar meus saddles originais por saddles Vintage da Fender. Fiz isso e parecia que havia resolvido o problema. Comprei recentemente um jogo de cordas Elixir Optiweb 010 e troquei as cordas da guitarra. No quarto dia de uso das cordas Elixir, a mizinha se rompeu em cima do carrinho. Hoje, o quinto dia, a corda si se rompeu em cima do saddle. Os carrinhos têm uma marca muuuito leve de corda, o que eu acho não ser o causador das rupturas das corda. As cordas sempre se arrebentam quando faço bends e eles são altos, já que me espelho no David Gilmour para tocar. Lubrifiquei a região de contato da corda com WD-40 e grafite em pó, mas as corda arrebentaram mesmo assim. Já estou desesperado, pois não sei mais o que fazer, já que troquei os saddles por uns de ótima qualidade. O que eu poderia fazer?

    Desde já muito obrigado!

    ResponderExcluir