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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Influência de madeira no timbre de instrumentos sólidos

 Muito se fala sobre como a madeira altera o timbre dos instrumentos sólidos e não existe um comum acordo entre a comunidade musical sobre isso.

 Num instrumento acústico todas as madeiras da caixa vibram emitindo frequências. É um cenário em que as vibrações da madeira se projetam no ar e nós escutamos. Num instrumento sólido a madeira trabalha muito mais contendo as vibrações, pois não há uma caixa acústica que projete o som como no violão.

 Óbvio que cada espécie tem um timbre mecânico diferente. Mas a primeira coisa que o músico precisa entender é que espécie de madeira não é tudo, que instrumento sólido tem interferência de muitos fatores para gerar seu som e que o som de uma guitarra ou contrabaixo não termina no instrumento.

 Esse sinal vai chegar num amplificador e, na maioria das vezes, por pedais de efeitos. São instrumentos que nós crescemos nos aprimorando em alterar o timbre que vem do jack de saída para chegar no som que a gente quer botar pra frente. 


 O que eu vejo como problemático é que as pessoas parecem achar que a madeira é algo que adiciona som à guitarra ou ao contrabaixo. Eu acredito que a questão é o quanto cada peça de madeira tira da vibração mecânica da corda. 

 Independente do comprimento de escala(distância da pestana à ponte) do instrumento. a corda tem um espectro de frequência amplo e o que vibra primeiro é a corda. O som começa na corda e depois interage com o instrumento. Nessa interação a qualidade de escolha das madeiras pode permitir a livre ressonância e vibração das cordas ou abafar elas.

 Se a madeira não tiver tempo correto de secagem ela vai abafar as vibrações. Madeira úmida não projeta som. Todos os clientes chegam achando que o melhor mogno é aquele mais pesado o possível. Eu já corrijo logo que o melhor mogno é o que estiver mais leve. Tá leve de seco. 

 Levando isso em conta é perfeitamente cabível que uma espécie mais grave soe mais aguda por estar mais seca em comparação a uma peça de espécie aguda que ainda não tenha secado corretamente.
Existem espécies que têm mais sustentação que outras e vão sustentar menos se estiverem úmidas, também. 


 Se a orientação dos veios for quarteada as vibrações vão correr mais livremente do que uma orientação tangencial e o instrumento vai ter mais sustentação, além de maior estabilidade mecânica a empenos. Mas uma peça tangencial muito mais seca que outra quarteada vai sustentar melhor, soar mais aberta e será mais estável do que a quarteada.

 Então, da vibração inicial da corda sustentada entre dois pontos de apoio vai ser FILTRADA pelos componentes mecânicos do instrumento e isso inclui a ponte, por exemplo. Mas falando de madeira, não basta discutir espécies e achar que o timbre é somente isso.

 Se você entra numa loja e pede pra testar 5 instrumentos iguais da mesma marca com mesmos captadores e mesmo madeiramento, os 5 soam diferentes entre si. Portanto, como é que as pessoas acham que vão entender todos os aspectos de timbre de um instrumento somente pelas espécies utilizadas?


 Ainda entra o fato que um captador magnético, de baixo ou de guitarra, só emite sinal pois as cordas excitam o campo magnético do imã, que gera uma tensão inferior a 0,5v na bobina do captador. Um captador magnético não tem o potencial de perceber vibração mecânica que vem da madeira pois a madeira não excita o campo magnético do captador.

 O captador percebe a corda. E a corda pode ter suas vibrações limitadas pelo estado de secagem da madeira, orientação de veios, tipo de ponte do instrumento e qualidade do entrastamento.

 A corda emite vibração, tudo que é mecânico responde a isso e pode cortar parte da vibração da corda ou permitir que ela vibre livremente.
 O captador reage à vibração da corda e emite sinal. 
 
 Fora a emissão de vibração mecânica da corda e a emissão de sinal em milivolts da bobina do captador, todo o resto é corte de frequência.
(Salvo os casos de circuito ativo no instrumento. A diferença entre circuito passivo e circuito ativo é que o passivo só corta frequência e o circuito ativo pode cortar ou adicionar frequências)


-Se uma espécie soa aguda, ela não FABRICA agudos. Ela tem bloqueio de propagação dos graves. E vice-versa. 

-Densidade alta não é sinônimo de grave. Ébano e Wengue são extremamente densas e têm um som agudo justamente por serem muito rígidas, por exemplo.

-Braço em peça única não é sinônimo de mais sustentação.

-Não é uma escala escura ou clara, um braço em peça única, a diferença do Ash pro Swamp Ash, pro Freijó nem nada dessas discussões sem fim que vai fazer o seu som "chegar lá"


 Em termos práticos, o músico influencia no seu próprio timbre mais do que ninguém. Músicos bons tirando som bom de instrumentos simples. E tem gente com instrumentos incríveis na mão tirando nada demais de som daquilo ali. pois esse som vai ser mexido demais depois que sai do jack p10.

 Em termos técnicos o que mais influencia o timbre de um instrumento (sólido ou não) é o conhecimento de quem o constrói.

 É ter a capacidade de perceber as peças de madeira além da escolha de espécies e entender toda a dinâmica que envolve cordas, pontos de apoio, captadores e componentes eletrônicos.

sábado, 22 de abril de 2017

Entenda: Split Coil e Defasagem

Todo luthier já escutou um cliente falando que "quer fazer defasagem no humbucker pra usar ele como single com um push pull"

Começa que vc está falando de "Split Coil" (Ou "Cancelamento de bobina) e não defasagem.

E vamos a alguns pontos essenciais sobre split de captadores Humbuckers.


1- Defasagem é inverter a fase de uma bobina em relação a outra (Ou de um captador em relação ao outro). Usar um humbucker em "modo single" é chamado de "Split" ou de "Cancelamento de bobina", pois você anula uma das bobinas do humbucker, usando apenas uma delas, como se fosse um single-coil("Single Coil", em inglês, significa justamente "bobina única").

2- Quando vc splita o humbucker ele dá apresenta "Hum"? Sim! O humbucker não possui Hum porque uma bobina cancela o ruído da outra. Se você splita o humbucker, ele passa a trabalhar com uma bobina só e gera um hum normal de bobina single.

*(As pessoas costumam sentir menos ruído num hubucker splitado do que num single tradicional. Isso porque os humbuckers são montado numa base de metal que fifa aterrada e, junto das cordas da guitarra, faz o papel de Gaiola de Faraday, cortando os ruídos de interferências externas. Mas o hum de 60Hz do single vai estar presente quando se splita a bobina. Mas se você comparar um humbucker splitado com um single numa cavidade blindada, o nível de ruído deverá ser o mesmo.)

3- Humbucker Splitado não dá som de Single. Um hubucker splitado tende a gerar um som com "cara de P90", não com "cara de de single coil".

Isso basicamente pela forma que se usa o imã em cada captador.

Num Single-Coil tradicional, os 6 polos dele são os próprios imãs e têm sua orientação magnética apontada pras cordas. (Polo sul apontado pras cordas e norte apontado pro fundo da guitarra ou vice-versa, lembrando que o do meio é invertido para cancelamento de hum nas posições 2 e 4 da chave seletora.)

Num humbucker Os 12 polos são feitos de metal condutor de magnetismo, mas que não são imãs. O imã é em barra e fica na base do humbucker de forma que um polo magnético do imã pega os 6 pinos de uma bobina e o outro polo magnético pela os 6 pinos da outra bobina. A orientação magnética do imã, então, é paralela às cordas. (Polo norte aponta pro braço e sul aponta pra ponte, ou vice-versa.)

Essa construção já é mais próxima do P90, que usa um imã (Ou dois, dependendo do modelo) em barra na sua base e polos que são somente metais condutivos para o magnetismo do imã.

Dessa forma, o P90 é um captador single que tem orientação magnética paralela às cordas.
O Humbucker splitado funciona como um single com orientação magnética paralela às cordas.
O Single tradicional tem orientação magnética perpendicular às cordas.

Por isso um HB splitado tem mais cara de P90 do que de single tradicional.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Regulagens - Tópico 1 - Regulagem de oitavas


 Vamos falar de Regulagens!! Por mais que seja uma coisa básica, tem muito mito, muito achismo, muito mal costume de quem faz e a verdade é que pouca gente entende os conceitos envolvidos numa boa regulagem.

 Minha intenção aqui não é passar um passo-a-passo de como fazer. Não que eu seja contra ensinar como se faz, eu acho que todo músico devia saber regular seu próprio instrumento. Mas, a partir do momento que eu me proponho a ensinar, eu sou responsável pelo que eu to ensinando, como eu não posso me responsabilizar por interpretações erradas do texto, o papo vai seguir outro caminho.


*Obs: COMPRIMENTO DE ESCALA diz respeito à distância total entre o nut e o saddle do instrumento. Sempre que você ler "Comprimento de escala", saiba que é disso que estou falando. Muita gente acha que comprimento de escala é o tamanho da madeira usada como escala(Fingerboard) do instrumento ou o número de trastes. Não é!

Tópico 1 - Regulagem de oitavas


 É o ajuste mais simples que você pode fazer no seu instrumento e realmente não tem mistério.
O conceito da regulagem de oitavas é que: Uma corda tensionada tem uma nota, essa mesma corda na metade do seu comprimento tem a mesma nota uma oitava acima. (Numa guitarra, baixo ou violão, o 12º traste marca metade do comprimento de escala). A questão é que quando tocamos o instrumento nós aumentamos a tensão da corda ao pressionar, por isso a posição dos saddles não pode mais ser a mesma. Em guitarras e contrabaixos nós ajustamos cada saddle pra frente ou pra trás pra compensar a afinação de cada corda, em violões nós temos que limar um lado ou outro do rastilho para chegar na regulagem correta.

 É por isso que não se pode fazer uma regulagem "SÓ abaixar as cordas" como muitos clientes pedem.
 Se você muda a ação das cordas ou se muda drasticamente a ação do tensor, a regulagem de oitavas tem que ser alterada. Se mudar calibre de cordas também.

 Se mudar a afinação também. Muitos cliente me pedem uma regulagem pra alternar entre E e Eb. O cara tem que escolher uma, pois as oitavas só vão bater corretas em uma. Se quiser dropar, tem que escolher se quer a 6ª corda regulada pra E ou pra D(Ou qualquer outra nota, dependendo da afinação)

 Em violões de cordas de nylon é comum que não se veja regulagem de oitavas ou que seja muito pequena. Isso acontece pois a tensão nesse tipo de corda é mais baixa do que em cordas de aço, precisando de menos compensação.

 Por isso não se deve usar cordas de nylon em violão de aço, nem vise-versa. Cada um é construído com o cavalete colado em um local diferente para ter a devida regulagem de oitavas.

 Muita gente acha que não pode colocar cordas de aço em violão de Nylon pra não arrebentar o cavalete. A verdade é que a colagem bem feita e a madeira bem preparada vai segurar as duas tensões. O grande problema é a regulagem de oitavas. Se você usar cordas indevidas, o violão vai soar cada vez mais desafinado conforme você sobe a escala.

Cuidado com Trastes quadrados

 Tem muita gente que acha que sabe o que faz e faz merda, uma das mais comuns é o cara se meter a fazer uma retífica de trastes e deixar o topo dos trastes retos, os trastes ficam quadrados.

 Isso dá problema de oitavas também. A escala tem as posições das casas determinadas pelo centro do traste, o que só funciona enquanto o traste está bem arredondado, deixando o ponto de contato da corda no centro dele.

 Se o traste ficar quadrado, o ponto de contato será na ponta desse "quadrado", deixando uma diferença se medida em relação ao nut, principalmente. O cara vai fazer uma regulagem de oitavas, vai soar melhor que desregulado, mas não vai estar ideal.


 Pro post não ficar grande demais, eu resolvi dividir em tópicos. Próximo tópico aqui:
http://brunolobaoluthier.blogspot.com.br/2015/01/regulagens-topico-2-ajuste-do-tensor.html

Regulagens - Tópico 2 - Ajuste do tensor


 Vamos falar de Regulagens!! Por mais que seja uma coisa básica, tem muito mito, muito achismo, muito mal costume de quem faz e a verdade é que pouca gente entende os conceitos envolvidos numa boa regulagem.

 Minha intenção aqui não é passar um passo-a-passo de como fazer. Não que eu seja contra ensinar como se faz, eu acho que todo músico devia saber regular seu próprio instrumento. Mas, a partir do momento que eu me proponho a ensinar, eu sou responsável pelo que eu to ensinando, como eu não posso me responsabilizar por interpretações erradas do texto, o papo vai seguir outro caminho.


*Obs. 2: Tensor em inglês é Truss Rod
*Obs. 3: A curvatura do braço é a única coisa que pode mexer sozinha. Então se suas cordas ficarem baixas ou altas de uma hora pra outra é a regulagem de tensor que irá corrigir o problema, não mexa nos seus saddles nesses casos.

Tópico 2 - Ajuste do Tensor 


 Esse é certamente o ajuste mais mal-entendido da regulagem toda.
 Começa que tem gente pensando que o tensor serve para 'desempenar' o braço. Quando o cara me manda uma dessa eu já sei que ele não entende do que tá falando. Eu já estive nesse lugar e sei que a dificuldade em encontrar informação boa no Brasil complica tudo. Mas tem gente que é apresentada às informações corretas e continua defendendo informações erradas e prejudicando o aprendizado dos outros, então vamos às definições corretas.

 Relief: 'Relief' significa "alívio" em inglês e é o nome dado à curvatura do braço quando as cordas puxam ele. O tensor existe para regular esta curvatura.
 Muita gente pensa que o braço tem que ficar reto e o tensor tá aí pra isso. Na verdade o braço precisa de uma curvatura para dar espaço para a corda vibrar e isso tem que ser regulado, pelo tensor, de acordo com o calibre de cordas, ação de cordas e afinação que o instrumento está usando.

 Nesse quesito se vibração de cordas vale entender que: Trastejado é o extremo da falta de espaço pra corda vibrar. Mas, mesmo sem trastejar, pouca curvatura do tensor pode matar o som das cordas por não dar espaço suficiente pra uma vibração plena das cordas.

Por isso guitarras, baixos e violões com as cordas coladas demais na escala soam menos. É algo que deve se pesar na hora de regular. Cordas baixas e macias? Cordas altas e mais som? Cada músico vai determinar o ponto exato que a regulagem vai agradar. Por isso é necessário saber regular sozinho ou que o luthier confira a regulagem com o músico tocando para fazer ajustes finais antes de entregar o trabalho.

O que é empeno?

 Pra não deixar vago a questão do empeno e explicar o porquê de o tensor não ser feito para desempenar coisa nenhuma vamos entender o seguinte:

 O empeno é uma deformidade, que pode ser uma curvatura, uma torção, um "calo" na madeira da escala quando não há nenhuma pressão de cordas agindo no braço.

 Um braço que o tensor nunca foi ajustado e ficou muito tempo com cordas tensionadas pode empenar? Pode!
 Mas o tensor não vai desempenar ele. O Tensor pode regular o braço apesar do empeno, mas o empeno vai estar lá! E sem empeno certamente esse braço regularia melhor.


 Próximo tópico aqui:
http://brunolobaoluthier.blogspot.com.br/2015/01/regulagens-topico-3-acao-de-cordas-e-nut.html

Regulagens - Tópico 3 - Ação de cordas e Nut


 Vamos falar de Regulagens!! Por mais que seja uma coisa básica, tem muito mito, muito achismo, muito mal costume de quem faz e a verdade é que pouca gente entende os conceitos envolvidos numa boa regulagem.

 Minha intenção aqui não é passar um passo-a-passo de como fazer. Não que eu seja contra ensinar como se faz, eu acho que todo músico devia saber regular seu próprio instrumento. Mas, a partir do momento que eu me proponho a ensinar, eu sou responsável pelo que eu to ensinando, como eu não posso me responsabilizar por interpretações erradas do texto, o papo vai seguir outro caminho.


*Obs: COMPRIMENTO DE ESCALA diz respeito à distância total entre o nut e o saddle do instrumento. Sempre que você ler "Comprimento de escala", saiba que é disso que estou falando. Muita gente acha que comprimento de escala é o tamanho da madeira usada como escala(Fingerboard) do instrumento ou o número de trastes. Não é!


Tópico 3.1 - Ação de cordas 

 Ação de cordas é a altura de cordas. Mais especificamente, é a altura de cordas no final da escala.
 A regulagem do tensor, como falamos antes, obviamente influencia na ação de cordas. Mas nesse tópico vamos falar da ação de cordas na ponte.

 Vale a mesma ideia de vibração de cordas do tensor, uma ação baixa de cordas deixa menos espaço para as cordas vibrarem e pode matar o seu som mesmo que não esteja rolando nenhum trastejado.

 Em termos de o que a altura dos saddles, do rastilho ou da ponte vai influenciar mais. Eu gostaria de destacar principalmente os bends nas regiões agudas do braço. A ação de cordas é o único lugar que vc vai mexer para regular isso. Corda baixa demais vai fazer o bend engasgar e uma altura a mais das cordas vai favorecer sustain nos bends. É nesse ponto que cada guitarrista(pq bend é mais na guita mesmo) vai determinar qual a ação ideal pros seus bends e pra sua digitação.

 Novamente chegamos naquele ponto que uma coisa não ajuda a outra: Cordas baixas são boas pra digitação. Cordas altas são boas pra bends com volume e sustentação.

Medida de ação das cordas

 Escala com menor raio(Mais abauladas) precisam de cordas mais altas para sustentar os bends e escalas mais planas precisam de menos altura para sustentar os bends.

 Eu não anoto medidas de ação das cordas, procuro identificar e sentir onde o instrumento vai me levar primeiro e considerar a pegada do músico depois.

 Por isso, se você está querendo saber qual a ação de cordas ideal para a guitarra tal, com comprimento de escala tal e raio X", esqueça! Não existe resposta para essa pergunta. As condições do seu instrumento e a sua pegada vão definir o que é melhor.

Ângulo de corda no rastilho

É radicalmente importante, em violões, que a corda faça um bom ângulo atrás do rastilho.
Exemplo:









Cordas com pouco ângulo vão fazer pouca pressão no rastilho, gerando menos volume naturalmente. Em violões com captação de rastilho essa diferença vai ser gigantesca pois a diferença de pressão nas cordas vai ser muito grande.

Então tenham em mente que Rebaixar demais o rastilho de um violão não é bom para o som. E tenham e mente que a maioria dos violões do mercado são feitos com cavaletes muito altos, impedindo  uma ação de cordas baixa demais.

Isso não impede que seja feita uma boa regulagem no violão, mas é necessário que o músico entenda que conforto não é sinônimo de corda baixa. Deixe as suas mãos tocarem e não os olhos.

Tópico 3.2 - Ação do nut

 Sem muitas considerações. A mesma regra de ângulo do rastilho vale no nut, pouco ângulo gera pouco som. É por isso que usamos rebaixadores de cordas em headstocks que não são angulados.

 Um nut com slots muito baixos pode gerar trastejamento da corda solta.
 Um nut com slots altos demais vai gerar um problema de entonação e dar uma diferença de conforto nas primeiras casas do instrumento.

 Um slot largo demais para a corda pode amortecer o som dela, principalmente se tiver pouco ângulo da corda.



Próximo tópico aqui:
http://brunolobaoluthier.blogspot.com.br/2015/01/topico-4-visao-geral.html

Regualgens - Tópico 4 - Visão Geral

 Vamos falar de Regulagens!! Por mais que seja uma coisa básica, tem muito mito, muito achismo, muito mal costume de quem faz e a verdade é que pouca gente entende os conceitos envolvidos numa boa regulagem.

 Minha intenção aqui não é passar um passo-a-passo de como fazer. Não que eu seja contra ensinar como se faz, eu acho que todo músico devia saber regular seu próprio instrumento. Mas, a partir do momento que eu me proponho a ensinar, eu sou responsável pelo que eu to ensinando, como eu não posso me responsabilizar por interpretações erradas do texto, o papo vai seguir outro caminho.


Tópico 4.1 - Visão Geral

 Bom! Agora que você leu os outros 3 tópicos, e eu espero que tenha lido mesmo, vamos falar de uma forma geral sobre o que EU acho de regulagem.


Quando eu regulo os instrumentos dos clientes eu primeiro faço uma regulagem bem objetiva pra ver qual o mínimo de ação de cordas que aquele instrumento chega. Depois disso eu toco, escuto e subo a ação e curvatura até chegar num resultado que una conforto e bom som.

Na hora de entregar o instrumento eu acho essencial que o músico toque na minha frente, sem exagero de força nem força de menos. Que toque como toca no estúdio, no show e tal. Em cima disso é que eu começo a fazer ajustes para a mão do músico. Eu to destacando isso pois muitos clientes chegam em luthiers que dizem que o músico tem que se adequar à regulagem que ele fez. Mas isso não faz o menor sentido, pois não existe uma regulagem absoluta do instrumento.


 Nas minhas guitarras eu uso uma ação que eu gosto. Tem músico que acha minha ação baixa demais. Tem músico que acha ela alta demais.
 Da mesma forma, sempre tem um amigo que vai te falar "Po, dá pra abaixar um pouco mais essas cordas, hein!" ou "Ih! Essas cordas tão chapadas demais, ta ruim o bend, tá pegando tudo!"

Bixo... Não se deixe levar pela opinião dos outros sobre como o SEU instrumento tá regulado.
Óbvio que você tem que considerar as limitações do seu instrumento, e as limitações impostas pela vibração das cordas e a sua pegada. Mas aí é que tá! Você tem a SUA pegada, o calibre de cordas que VOCÊ gosta e a afinação que VOCÊ usa. Isso tudo é o que vai gerar a melhor regulagem pra VOCÊ, não pros outros.

Tópico 4.2 - Som que sai do Amp

 Se a gente considerar a regulagem de um instrumento elétrico(Guitarra, baixo ou qualquer coisa assim), o que importa realmente é o som que sai no amplificador, já que o objetivo não é tocar desplugado, certo?

 Pra um instrumento sólido não trastejar desplugado, a corda precisa estar muito alta. E numa boa regulagem, alguns detalhes que soam estranhos desplugados não aparecem no amplificador. Por isso é muito importante que o músico saiba, também, separar as das coisas e considerar o som que sai no amplificador na hora de finalizar a regulagem do seu instrumento.

Tópico 4.3 - Quanto tempo dura a regulagem?

 Não há um tempo objetivo. Pode ser necessário refazer a regulagem pra mudar o calibre de cordas, pra mudar a afinação, para mudar a ação de cordas, e outras assim.

 Considerando um caos que você tem um instrumento, vai manter mesma afinação e calibre de cordas e quer saber quanto tempo aquela regulagem vai durar as variáveis são:
-O quão estável é a madeira?
-Quais níveis de variação de temperatura e umidade o instrumento é exposto?
-Qualidade dos trastes: O quanto eles estão sendo gasto ao longo do tempo?

 Se você tem um luthier de confiança, que não vai te empurrar um serviço desnecessário, leve a guitarra a cada 6 ou 8 meses para ele avaliar.
 O certo é que o músico sinta se a guitarra está desbalanceada de alguma forma, mas uma avaliação de um bom profissional é legal pois o luthier pode ver um problema que está acontecendo ou está prestes a acontecer e o músico deixaria passar despercebido.

domingo, 17 de agosto de 2014

Entendendo as séries de materiais da Graphtech

Tá aqui mais um assunto que o pessoal me pergunta sempre. Quais são as diferenças entre as séries da Graphtech? Porquê todo mundo que usa fala que é melhor que o osso?

A Graphtech fabrica vários produtos diferentes para guitarras, violões e contrabaixos. A marca tem destaque pelos seus nuts e eu vou da ruma explicada bem objetiva sobre as 4 linhas de materiais que eles trabalham.
Todos os materiais são polímeros de Carbono.


Nubone(LC):
O Nubone é a linha mais barata da Graphtech. Nessa linha o polímero entrega o som igual ao som de Osso mesmo. A vantagem dele é que, por ser sintético, não possui veios e isso ajuda muito na hora de cortar, limar e lixar o material.

Pra quem é indicado: Para quem quer ter o mesmo som do osso, mas em um material mais fácil de trabalhar.


Tusq (PQ):
É a linha mais vendida da Graphtech. No Tusq, o polímero de carbono tem uma característica sonora que entrega mais volume que o osso, mais graves e muito mais agudos do que o osso. A resposta maior dos agudos e de harmônicos são notáveis demais, qualquer um percebe na hora!

Pra quem é indicado: É a melhor opção para instalar em violões, para instalar em guitarras de som muito fechado que não tenham problemas de afinação e para contrabaixos.


Tusq XL (PQL):
O Tusq XL é o Tusq normal com a adição de Teflon ao polímero. Por ter Teflon junto ao Tusq, o coeficiente de atrito é baixíssimo, então a corda não agarra no material. A série XL tem um pouco menos de volume do que o Tusq tradicional, faz sentido já que o material não é 100% Tusq. Mas é uma diferença muito pequena mesmo, basicamente imperceptível.
**Importante: O teflon não gasta com corte e lixa do material, ele está misturado em todo o polímero e o material não perde a característica de baixo atrito.

Para quem é indicado: Guitarristas!! A gente que sofre com a corda desafinando com os bends porque a corda está agarrando no nut ou no rebaixador de cordas. A Graphtech fabrica ambos!


Black Tusq XL (PT):
É exatamente igual ao Tusq XL, mas é preto.

Para quem é indicado: Guitarristas!! A gente que sofre com a corda desafinando com os bends porque a corda está agarrando no nut ou no rebaixador de cordas. Também tem String Trees dessa série.
Se você quer resolver esses problemas e quer o visual preto, essa é a sua série!

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Um adendo:
As séries têm um código em letras e o formato do nut um código em números. No final tem 2 dígitos que informam se é algo especial.

Exemplo:
6010 é o formato de nut padrão Gibson.
LC-6010-00 (Nubone, nut padrão Gibson)
PQ-6010-00 (Tusq, nut padrão Gibson)
PT-6010-00 (Black Tusq XL, nut padrão Gibson)
PT-6010-L0 (Black Tusq XL, nut padrão Gibson para canhoto)

5000 é o formato de nut padrão Fender
PT-5000-00 (Black Tusq XL, nut padrão Fender)
PQ-5000-00 (Tusq, nut padrão Fender)
PQL-5000-00 (Tusq XL, nut padrão Fender)
PQL-5000-L0 (Tusq XL, nut padrão Fender para canhoto)

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Gráficos de resposta de frequências na corda Lá e na corda Si no Tusq. E gráfico de coeficiente de atrito do Black Tusq XL(E do Tusq XL, por consequência)